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Rabdomiólise: tudo o que você precisa saber sobre a doença da ‘urina preta’

Rabdomiólise: tudo o que você precisa saber sobre a doença da ‘urina preta’

O Amazonas vive seu terceiro surto de casos da síndrome rabdomiólise, conhecida popularmente como “doença da urina preta”. Nesta semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) recebeu três novas notificações de casos. Agora já são 54 registros, sendo 36 em Itacoatiara (com um óbito), quatro em Silves, quatro de Borba, três em Manaus, três em Parintins, um em Caapiranga, um em Autazes, um em Maués e um em Manacapuru.

Atualmente estão internados nove pacientes em Itacoatiara, dois em Manaus, três em Parintins e um em Manacapuru.

Para entender mais sobre a síndrome, o Direto ao Ponto selecionou algumas informações importantes e conversou com profissionais da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).

O que é e o que causa no organismo?

A rabdomiólise é uma síndrome clínico-laboratorial que decorre da lesão muscular com a liberação de substâncias intracelulares para a circulação sanguínea.

Conhecida desde a década de 1920, a enfermidade está relacionada a uma toxina que é encontrada em peixes e crustáceos. E é justamente essa substância que provoca lesões nos músculos e pode até danificar seriamente os rins.

Segundo a FVS-RCP, os estudos científicos sobre a rabdomiólise ainda são insuficientes para identificar a origem da síndrome, principalmente, quando associada a ingestão de pescados.

No entanto, devido as notificações já registradas no Amazonas e do aumento dos casos, a Fundação emitiu um comunicado suspendendo o consumo de pescado extrativo (oriundo de lagos e rios) em Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus), pelos próximos 15 dias, como medida para conter a proliferação da rabdomiólise na região.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é realizado a partir do quadro clínico do paciente de cansaço muscular, dificuldade de realizar movimentos para andar e elevações assintomáticas das enzimas musculares séricas (creatinina-fosfoquinase – CPK).

Para a Vigilância em Saúde, o diagnóstico de rabdomiólise é realizado a partir de CPK igual ou maior que 1.000 U/L em amostras de sangue coletadas dos pacientes.

Assistência

De acordo com o secretário de Saúde do Estado, Anoar Samad, foi definido o fluxo regulado de referência e contrarreferência dos casos suspeitos e confirmados por rabdomiólise, com a garantia de suporte técnico de acesso à assistência em tempo oportuno e manejo de casos em adultos e crianças.

Em Manaus, as unidades de referência são os hospitais Delphina Aziz e o Hospital Universitário Getúlio Vargas, no caso de pacientes adultos. O Hospital e Pronto-Socorro da Criança (HPSC) da Zona Oeste está preparado para atender o público infantil.

Pacientes com sintomas de rabdomiólise do interior deverão fazer o primeiro atendimento no hospital ou outra unidade de saúde do município e, caso haja necessidade, a unidade hospitalar deverá fazer o encaminhamento para a capital, inserindo a chamada no Sistema de Transferência de Emergências Reguladas (Sister).

Força-Tarefa em Itacoatiara

O município de Itacoatiara foi o primeiro a registrar o maior número de casos em 2021 e tendo a primeira morte por rabdomiólise, por isso, o Governo do Amazonas montou uma força-tarefa com especialistas que atuam em diferentes órgãos do estado para se deslocar até a cidade, na última quinta-feira (2), com o objetivo de investigar mais a fundo as possíveis causas e formas de combater o surto de rabdomiólise.

A ação conta com a presença de representantes da SES-AM, FVS-RCP, da Fundação de Medicina Tropical- Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (Adaf), Secretaria de Estado da Produção (Sepror) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Liane Souza, coordenadora de informações da FVS-RCP, contou ao Direto ao Ponto que a vigilância está no município junto com o seu laboratório Lacen, para investigar todos os casos que estão ocorrendo em Itacoatiara.

“As equipes estão indo in loco onde os pacientes pescaram ou compraram o pescado para investigar melhor onde foram armazenados os peixes ou onde foram pescados”, explicou.

Já o secretario Anoar Samad ressaltou que a força-tarefa em Itacoatiara conta também com a presença de uma equipe da Secretaria Executiva de Assistência do Interior, sob o comando do secretário executivo Cassio Espírito Santo, que visitou hospitais para acompanhar a situação dos pacientes internados. O quadro geral desses pacientes é estável.

“Pedi para um secretário meu ir, pessoalmente, acompanhar esse trabalho. Por enquanto, estamos investigando e controlando os fatores de risco, que em quase todos os casos está relacionado à ingestão dos pescados. Temos uma equipe lá (Itacoatiara) para identificar o que está acontecendo e tomarmos medidas definitivas”, disse.

Casos no Amazonas

Essa é a terceira vez que ocorrem surtos de rabidomiólise no Amazonas. O primeiro foi em 2008, com 27 casos nas cidades de Manaus e Careiro.

O segundo foi em 2015, com 74 casos registrados em Manaus, Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Autazes e Urucurituba.

Em 2021, já são 54 casos, oriundos das cidades de Itacoatiara, Manaus, Caapiranga, Autazes, Parintins, Silves, Maués, Manacapuru e Borba.

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