Barroso diz que muitas mortes por Covid eram evitáveis e fala em ‘sentimento de abandono’ no país
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quinta-feira (4) na abertura da sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do qual é presidente, que muitas das mortes por Covid-19 no país eram evitáveis e que é legítimo o “sentimento de abandono que as pessoas têm pelo Brasil afora”.
Barroso afirmou ainda que o país passa por um momento de desvalorização da vida. O ministro lembrou o recorde negativo de 1.840 mortes registradas em 24h na quarta-feira (3). O Brasil passa pelo pior momento desde que a pandemia começou, no início de 2020.
“Nós tivemos na data de ontem [quarta-feira] 1.840 mortos pela Covid-19 no Brasil. Nós estamos batendo recordes negativos. Algumas dessas mortes eram, como em toda parte do mundo, inevitáveis, mas, muitas, evitáveis”, declarou o ministro.
Segundo Barroso, “nós estamos, infelizmente, vivendo um momento de desvalorização da vida, em que pessoas nos deixam e passam a ser tratadas puramente como números. É muito triste o que está acontecendo no Brasil e é legitimo o sentimento de abandono que as pessoas têm pelo Brasil afora”.
A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.332. A variação foi de 29% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
Diversos estados enfrentam escassez de vagas em UTIs, correndo o risco de ver o sistema de saúde entrar em colapso. Em meio à crise sanitária, governos estaduais e o governo federal não conseguem se entender sobre uma estratégia comum para combater a pandemia.
O presidente Jair Bolsonaro é contrário às medidas de restrição de mobilidade, intensificadas por diversos governadores nos últimos dias para conter o avanço da doença.
Bolsonaro tem dito que o governo federal faz sua parte na pandemia. Para reforçar o argumento, publicou em redes sociais uma lista com os repasses de verbas da União para estados em 2020. A atitude gerou revolta dos governadores. Segundo eles, a maior parte dos repasses é obrigatória e não tem a ver com gastos para a pandemia.
Estados também cobram do governo federal mais agilidade na compra de vacinas. Até a quarta-feira, 7.351.265 pessoas haviam recebido a primeira dose de vacina contra a Covid. O número representa 3,47% da população brasileira.
‘Desorganização’
“Nós chegamos, único país do mundo em que a segunda onda da pandemia vem sendo muito pior que a primeira. E isso lamentavelmente em face de desorganização, em face de ausência de liderança, em face de diferenças políticas que vêm infelizmente deixando de lado o mais importante, que é cuidar da população”, disse Moraes.
Fonte: G1