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Bolsonaro indica segundo ministro ao STF até junho: quem são os favoritos para ocupar vaga

Bolsonaro indica segundo ministro ao STF até junho: quem são os favoritos para ocupar vaga

Em até três meses, o presidente Jair Bolsonaro deve bater o martelo e definir sua segunda indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF), para a vaga do ministro Marco Aurélio Mello. Desde que indicou Kássio Nunes Marques para a primeira vaga aberta, em novembro de 2020, o chefe do Executivo se debruçou sobre quase uma dezena de nomes, dos quais boa parte permanece sob análise e assim deve continuar. Contudo, a maior possibilidade é de Bolsonaro optar por um jurista evangélico.

No governo, a informação predominante é de que Bolsonaro cumprirá a promessa feita em 2019, quando disse que indicaria alguém “terrivelmente evangélico” para o STF. Por isso, três nomes aparecem com boas chances: o do ministro da Justiça e Segurança Pública, o presbiteriano André Mendonça; o do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o adventista Humberto Martins; e o desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região, o batista William Douglas.

A previsão é que Bolsonaro apresente o nome até 12 de junho, exato um mês antes do ministro Marco Aurélio completar 75 anos e atingir a idade de aposentadoria compulsória. O presidente da República indicou Nunes Marques em 1º de outubro, 30 dias antes do ex-ministro Celso de Mello fazer 75 anos.

Um dos motivos para a indicação de um quadro evangélico ao STF é, evidentemente, o cumprimento da promessa. Muito pressionado após a indicação de Nunes Marques, Bolsonaro chegou a falar, em 5 de outubro de 2020, em culto em homenagem ao pastor Wellington Bezerra da Costa, presidente das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Brasil, em São Paulo, que a segunda vaga ao STF iria “com toda a certeza” para um jurista “terrivelmente evangélico”.

A conta política do ministro do STF “terrivelmente evangélico” de Bolsonaro

O outro motivo é político. Desde 2020, há uma pressão muito grande de evangélicos de fora e dentro da política por gestos do presidente à comunidade religiosa. Há um sentimento de abandono do eleitorado ideológico e mais conservador de Bolsonaro. Por isso, não indicar um evangélico para o STF, às vésperas das eleições de 2022, teria um custo político alto, reconhecem interlocutores do Palácio do Planalto e aliados bolsonaristas.

“Esse critério é essencial”, reconhece um aliado. Na indicação de Nunes Marques, Bolsonaro fez um aceno para uma estratégia traçada como prioritária para ele, solidificar o apoio do Centrão no Congresso e emplacar um aliado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no STF. “O presidente achou que aquilo [indicação do Kássio] valeria a pena. Agora, não há para onde correr. Se não indicar um evangélico, corre sério risco de perder apoio”, sustenta outro aliado bolsonarista.

Os evangélicos ainda apoiam majoritariamente Bolsonaro. O sentimento de muitas lideranças da religião, contudo, é de que o apoio se dá mais pela falta de opção para 2022. A maioria dos evangélicos, afinal, é avessa a nomes como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-governador cearense Ciro Gomes (PDT) e o apresentador de tevê Luciano Huck (sem partido), e só não apoiaria algum nome da centro-direita por causa da provável polarização entre Bolsonaro e Lula.

O deputado federal Marco Feliciano (Republicanos-SP), que é pastor e vice-líder do governo no Congresso, lembra que os evangélicos representam 1/3 da população brasileira. “E só queremos uma das 11 vagas”, diz à Gazeta do Povo. Aliado de Bolsonaro, ele reconhece que, se o presidente não honrar o compromisso, “haverá uma grande decepção” no segmento.

Do contrário, a indicação de um evangélico pode dar bônus políticos a Bolsonaro, avalia Feliciano. “Se honrar [o compromisso], estará na metade do caminho, pois ainda há a mudança da embaixada [do Brasil] para Jerusalém. Se fizer os dois, leva 95% dos votos do segmento”, afirma.

Presidente do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), Thiago Vieira concorda que a indicação de um ministro não-evangélico pode causar impactos eleitorais negativos a Bolsonaro. “O próprio presidente tem dito que indicaria um ministro ‘terrivelmente evangélico’. Se não cumprir isso, entendo que a reeleição começa a se desestabilizar se surgir uma terceira via forte”, pondera.

A indicação de um evangélico traria um significativo simbolismo para o governo federal, analisa Vieira. “A implementação de uma cosmovisão de direita, de um governo de direita, passa pela indicação de um conservador ao STF”, sustenta. Ele reconhece, contudo, que só isso não basta. “Bolsonaro precisa acelerar a vacinação e a economia porque o evangélico de barriga vazia não sei se vota no governo”, diz.

Fonte: Gazeta do Povo

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