Brasil responde à expulsão de embaixador na Nicarágua
O governo Lula (PT) decidiu expulsar a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matu, em resposta à expulsão do embaixador Breno de Souza da Costa pelo regime do ditador Daniel Ortega.
Noticiada pelo site de notícias nicaraguense Divergentes na quarta-feira (7), a expulsão de Breno da Costa foi confirmada nesta quinta, 8, pelo Itamaraty.
Segundo o G1, Fulvia Matu será informada de sua expulsão ainda nesta quinta.
Por que o embaixador brasileiro foi expulso da Nicarágua?
A relação entre o ditador nicaraguense e Lula começou a esfriar em junho de 2023, quando o papa Francisco pediu ao petista que interviesse na soltura do bispo Matagalpa, Rolando Álvarez, preso pela ditadura.
O estopim para a expulsão de Breno de Souza foi a ausência do embaixador no 45º aniversário da Revolução Sandinista, comemorado pelo casal presidencial em 19 de julho, na Plaza La Fe.
“O diplomata carioca desconsiderou o convite que lhe fez o regime e que causou fúria na presidência sandinista, já que lideraram um evento vazio de chefes de Estado e delegações diplomáticas proeminentes, com exceção dos aliados de Cuba, Venezuela e Rússia”, publicou o Divergentes.
Perseguições à Igreja Católica na Nicarágua
A Igreja Católica tem sido fortemente reprimida pelo regime sandinista de Daniel Ortega e Rosario Murillo em função do apoio dado ao movimento estudantil de 2018 e das denúncias de violação dos direitos humanos realizadas desde então.
Ameaçados e hostilizados, mais de 200 religiosos foram expulsos ou tiveram que fugir do país, principalmente para a vizinha Costa Rica.
Pelo menos nove padres foram presos “com violência” desde 26 de julho na Nicarágua, segundo a advogada e pesquisadora Martha Patricia Molina. Os sacerdotes “permanecem sob vigilância total” da Polícia Nacional, disse ela.
“Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?”
Molina, autora do relatório “Nicarágua: Uma Igreja Perseguida?”, publicou uma lista de sacerdotes “sequestrados pela ditadura sandinista” em sua conta na rede social X na segunda-feira, 5 de agosto.
São pelo menos nove: monsenhor Ulises Vega Matamoros, monsenhor Edgar Sacasa Sierra, o padre Víctor Godoy, o padre Jairo Pravia Flores, o padre Marlon Velásquez, o padre Jarvin Torrez e o padre Raúl Villegas, todos da diocese de Matagalpa; o frei Silvio Romero, da diocese de Juigalpa; e o padre Frutos Constantino Valle Salmerón, da diocese de Estelí.
Com “ditadura sandinista”, Molina se refere ao regime de Daniel Ortega, ex-líder guerrilheiro de esquerda que acumula mais de 30 anos no poder desde a derrubada do ditador Anastasio Somoza pela Frente Sandinista de Libertação Nacional em 1979.
Fonte: O Antagonista