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Queda do petróleo gera impacto no Brasil e no mundo

Queda do petróleo gera impacto no Brasil e no mundo

A maior queda na cotação do barril do petróleo desde 1991 – o tombo foi de 30% após a Arábia Saudita reduzir seus preços e sinalizar aumento da produção em represália à Rússia – terá impactos no Brasil e no mundo.

Analistas preveem um forte nervosismo nos mercados financeiros, já abalados pelo surto do coronavírus, e perdas relevantes para países exportadores de petróleo.

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No Brasil, o dólar chegou a se aproximar de R$ 4,80 na manhã da segunda-feira e a Bolsa caiu mais de 10%, acionando o circuit breaker, uma interrupção temporária das negociações, o que não ocorria desde maio de 2017.

A queda no preço do petróleo terá impacto para a Petrobrás e para o governo, que terá menor arrecadação com royalties. E, no mercado externo, tende a dificultar políticas de combates às mudanças climáticas, já que o petróleo ficará ainda mais competitivo frente às energias renováveis.

Petrobrás

No Brasil, o preço do petróleo pode dificultar a venda de ativos programada pela estatal e provocar perdas para a petrolífera. A Petrobrás segue uma política de preços de paridade com a cotação internacional e, se reduzir o valor da gasolina, vai lucrar menos.

Arrecadação

Com o petróleo mais barato, União, estados e municípios vão arrecadar um valor menor de royalties. Além disso, o ICMS cobrado sobre os combustíveis é uma das principais fontes de arrecadação de impostos para vários estados. Com a gasolina mais barata, essa arrecadação vai cair.

No mundo

Mudanças climáticas

Com o petróleo mais barato, fica mais difícil os investimentos em energias renováveis, como solar e eólica, cujo custo de produção é maior. Isso dificulta a busca por estratégias para reduzir os impactos das mudanças climáticas.

Países dependentes de petróleo

Países cujo orçamento têm forte dependência do petróleo, como Iraque, Irã e Nigéria, sofrerão um forte impacto. A Venezuela, já em crise, também será afetada.

Estados Unidos e o ‘shale gas’

Os EUA aumentaram fortemente sua participação no mercado global de petróleo graças ao shale gas, ou gás de xisto. Mas esta produção só é viável com preços de petróleo mais altos. Por isso, a indústria americana de shale gas será fortemente afetada.

Geopolítica

Não está claro ainda quais serão os desdobramentos geopolíticos do novo patamar de preço do petróleo. Mas analistas, num primeiro momento, avaliam que a influência de grandes produtores, como Arábia Saudita e Rússia, pode ser abalada.

A guerra de preços

Opep e Rússia

Desde 2016, a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo) e a Rússia cooperam para evitar oscilações bruscas no preço da matéria-prima.

Ruptura

No último final de semana, o grupo conhecido como Opep+ (que reúne o cartel, a Rússia e outros grandes produtores de petróleo), se reuniu em Viena, na Áustria, para discutir um corte na produção. O objetivo era segurar os preços do petróleo, que já estavam em queda por causa da crise do coronavírus e a menor demanda da China.

Negativa da Rússia

A Rússia, porém, decidiu não cooperar mais com a Opep. Os russos querem manter o preço baixo porque avaliam que o petróleo mais barato pode dificultar a produção americana. Os EUA expandiram sua extração de petróleo graças ao ‘shale gas’ (ou gás de xisto, modo de produção que ocorre por um método conhecido como ‘fracking’, ou faturamento hidráulico de rochas), que tem o custo mais elevado.

Represália saudita

Após a falta de cooperação russa, os sauditas decidiram reduzir seus preços em 10%. E avisaram que vão ampliar sua produção a partir de abril. Para os sauditas, um aumento de produção pode significar obter a mesma receita total com o petróleo, mesmo que os preços estejam menores.

Revide da Rússia

Os russos então orientaram suas petrolíferas a “extrair quanto petróleo puderem”, elevando a produção à sua capacidade máxima.

Desfecho

Analistas acreditam que a decisão saudita foi uma tentativa de trazer os russos de volta à mesa de negociações. Mas não conseguem prever em quanto tempo isso vai ocorrer. Alguns avaliam que o petróleo pode chegar a até US$ 20.

Fonte: O Globo

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