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Covid-19 aumenta a fome no mundo; Brasil pode voltar ao mapa da fome

Covid-19 aumenta a fome no mundo; Brasil pode voltar ao mapa da fome

Um estudo inédito realizado por conta da pandemia de covid-19, a Oxfam International advertiu sobre o aumento da fome no planeta, à medida que o novo coronavírus lança milhões de pessoas na pobreza extrema.

De acordo com dados da organização não governamental britânica, divulgados na noite de ontem, a covid-19 “jogou lenha na fogueira” de uma crise alimentar que vinha se acirrando nos últimos anos. Pelas estimativas da Oxfam, até o fim de 2020, entre 6,1 mil e 12,2 mil pessoas poderão morrer diariamente de fome em decorrência dos impactos socioeconômicos da pandemia.

Os dados emitem um alerta global e direcionado ao Brasil, que corre o risco de voltar ao mapa da fome.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) — agência da Organização das Nações Unidas (ONU) — estima que 270 milhões de pessoas estarão em situação de crise de fome antes do fim do ano. O número representa um aumento de 82% em relação ao registrado em 2019, devido à pandemia.
Com a previsão da Oxfam de mortes adicionais provocadas pela covid-19, o volume médio de perdas diárias de vidas para a fome crescerá até 50% neste ano.

Países

O comunicado da Oxfam destaca os 10 países e regiões com a maior incidência de fome extrema nos quais a crise alimentar é mais grave e se acirra em decorrência da pandemia: Iêmen, República Democrática do Congo (RDC), Afeganistão, Venezuela, região do Sahel da África Ocidental, Etiópia, Sudão, Sudão do Sul, Síria e Haiti. Juntos, esses países e regiões abrigam 65% das pessoas em situação de crise de fome em todo o mundo.

Renda média – Brasil

A entidade ressalta que há países e regiões de renda média que enfrentam riscos de alta na incidência da fome. É o caso de Índia, África do Sul e Brasil, que apresentam números crescentes de pessoas que estão sendo empurradas pela pandemia para situação de fome. A Oxfam destacou que até mesmo nações desenvolvidas não estão imunes.

No documento, a Oxfam aponta que o mundo já vive um período de extrema desigualdade, com quase metade da população mundial sobrevivendo com menos de US$ 5,5 por dia, enquanto os 2,2 mil bilionários do planeta detêm riqueza superior à de 4,6 bilhões de pessoas juntas.

Retrocesso

O Brasil é apontado pela Oxfam como uma das nações com alto risco de aumento de pessoas em situação de extrema pobreza. O país, inclusive, pode retornar ao chamado “mapa da fome”, depois de conseguir sair em 2014. A entidade destaca que o número de pessoas em situação de fome tem crescido desde a recessão de 2015 e 2016, “como resultado do aumento das taxas de pobreza e de desemprego e de cortes nos orçamentos para a agricultura familiar e para a proteção social”.

O Brasil deixou de fazer parte do mapa da fome em 2014, quando conseguiu a façanha de manter menos de 5% da população em condição de extrema pobreza, graças às medidas de amparo social e de melhora na conjuntura econômica. No entanto, o número tornou a crescer — de 4,9 milhões de pessoas, em 2014, para 5,2 milhões, em 2018.

Medidas urgentes

Além da necessidade de os governos adotarem ações para conter a propagação do novo coronavírus, a Oxfam recomenda providências urgentes para fazer frente à crise de fome global em formação.

Ajuda humanitária

Os governos doadores devem financiar, na íntegra, o apelo da ONU por ajuda humanitária ante a covid-19, a fim de assistir comunidades e grupos mais vulneráveis, incluindo mulheres, trabalhadores migrantes e comunidades deslocadas. Os governos devem também garantir que os produtores de alimentos possam voltar a trabalhar com segurança, facilitar a circulação de agricultores e trabalhadores agrícolas, abrir mercados de alimentos e garantir acesso a insumos agrícolas.

Justiça e sustentabilidade alimentar

Os governos devem assumir o compromisso de realizar uma reunião de alto nível durante a sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial, a ser realizada, em Roma, em outubro deste ano, para coordenar medidas no sentido de garantir que o estabelecimento de sistemas alimentares mais justos, adequados, resilientes e sustentáveis, constitua um elemento central das medidas de recuperação pós-pandemia.

Cancelamento de dívidas

A comunidade internacional deve ampliar o cancelamento de dívidas, no sentido de abranger todas as dívidas privadas, bilaterais e multilaterais de países de baixa e média rendas e com credores privados. Tal medida liberaria US$ 1 trilhão em receitas para ajudar países em desenvolvimento a arcarem com os custos de pacotes de resgate econômico para pequenas empresas e medidas de proteção social, como o pagamento de auxílios emergenciais em espécie para ajudar as pessoas a sobreviver.

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