Suprema Corte da Venezuela declara Edmundo González em desacato
O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, alinhado ao ditador Nicolás Maduro, declarou em desacato o candidato opositor Edmundo González Urrutia por não comparecer à Corte quando convocado.
O anúncio foi feito pela presidente da Corte, Caryslia Rodríguez, com base em nova nova decisão do TSJ. Ela afirmou que, após a auditoria, será emitida uma “decisão de caráter inapelável e de cumprimento obrigatório“.
A magistrada afirmou ainda que a Corte vai realizar também uma investigação sobre “o ciberataque massivo a que foi sujeito o sistema eleitoral venezuelano” e que a Corte iniciou uma fase de “perícia” sobre as eleições de 28 de julho.
A oposição venezuelana publicou os registros de votação em um site para mostrar que Edmundo González derrotou o ditador Nicolás Maduro com 67% dos votos. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, no entanto, declarou a “vitória” de Maduro com 52% dos votos e sem divulgar as atas.
Como mostramos, a chefe da missão de observação do Centro Carter na Venezuela, Jennie Lincoln, afirmou à agência de notícias AFP que Edmundo González venceu Maduro e que não há evidências de que o sistema eleitoral venezuelano tenha sido alvo de um ataque hacker, como alegou o CNE.
“Não temos nenhuma evidência disso”, disse Jennie Lincoln à agência. “Há empresas que monitoram e sabem quando há uma negação de serviço, que não houve negação de serviço na Venezuela no dia ou na noite da eleição.”
A transmissão de dados de votação “é feita por linhas telefônicas e telefones via satélite. Então isso nem é feito com o computador”, acrescentou.
Edmundo González Urrutia, o candidato da oposição a Maduro, recusou-se a ir até a Corte, alegando que o TSJ não tem competência para isso e está usurpando as funções do CNE.
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Mas três líderes de partidos de oposição, que participaram da campanha de María Corina Machado, compareceram ao TSJ: Manuel Rosales, do partido Um Novo Tempo (UNT); Simón Calzadilla, do Movimento por Venezuela (MPV) e José Luis Cartaya, do Movimento Unidade Popopular (MUD).
Eles deixaram a audiência e deram entrevistas para jornalistas, com transmissão ao vivo pelos canais de televisão estatais, como a Telesur. Os três cobraram do CNE a divulgação das atas.
Ao trazer uma narrativa diferente da oficial, os opositores foram derrubados do ar na televisão.
Fonte: O Antagonista