Opinião | As estratégias dos pré-candidatos ao Governo do Amazonas
Construção de imagem e slogans são peças-chave para fisgar o eleitor
Wilson Lima deve apostar novamente no discurso de ruptura com a velha política
Amazonino Mendes precisará convencer que tem saúde e ainda pode governar
Eduardo Braga apostará tudo na imagem de Lula
Ricardo Nicolau e Carol Braz falam em renovação
Henrique Oliveira tem pré-campanha tímida
Marcelo Amil ainda espera definição do PSOL para colocar nome em disputa
Pleito deve ter ZFM, emprego e fome como principais pautas
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Definição
As estratégias de comunicação dos pré-candidatos ao Governo do Amazonas já estão a todo vapor.
E elas passam por um planejamento de construção de imagem com testes nas redes sociais, nas agendas de rua e trabalho nos bastidores com pesquisas para definição de slogan que resuma o tom da campanha e dê a ideia do que pretendem fazer pelo Estado.
A busca pelo discurso certo para se conectar com os anseios e expectativas da população para fisgar o eleitor, pode ser a chave de uma eleição vitoriosa.
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Slogan
O slogan de campanha pode ter várias funções no processo eleitoral. Pode servir para engajar as pessoas, sendo fácil de memorizar e de ser repetido, ou funcionar como uma assinatura, um resumo daquilo que se pretende comunicar.
Quando bem feito, também serve de argumento para as conversas, unificando os que pensam daquela mesma maneira.
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Pré-campanha
Essa fase que antecede a propaganda eleitoral – que só começa a partir do dia 16 de agosto, depois das convenções para a definição das chapas e das coligações — são usadas como termômetro e já dá para imaginar o que vem pela frente.
Entre os protagonistas desta eleição no Amazonas temos Wilson Lima (União Brasil), Amazonino Mendes (Cidadania) e Eduardo Braga (MDB).
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Wilson Lima
O governador Wilson Lima busca a reeleição em sua segunda disputa política.
Em 2018, ele veio com um discurso de renovação e ruptura com os caciques e políticos tradicionais utilizando o slogan do “Novo” e o jargão “A bronca é comigo”.
Foi para o segundo turno sendo eleito com 1.033.950 votos, o que representou 58,50% dos votos válidos.
Para a reeleição, o discurso de ruptura com políticos tradicionais e a velha política deve continuar. Nessa campanha, Wilson vai prestar contas do seu mandato e comparar sua gestão com as passadas.
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Presente
Além disso, o governador deve explorar pontos como sua disposição física, presença nos bairros e municípios do interior, com um governo presente e próximo do povo.
Nas redes sociais, vem até incorporando alguns pontos que muitas vezes são usados por adversários para atacá-lo, em momentos quando está dançando, cantando ou praticando esportes, seja em agendas políticas ou em momentos de lazer com a família e amigos.
Ou seja, está fazendo do limão uma limonada, explorando sua vitalidade, jovialidade e carisma.
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Amazonino Mendes
O ex-governador Amazonino Mendes chega para disputar a sua 12º eleição majoritária. Ele já foi quatro vezes governador do Estado, duas vezes prefeito de Manaus e uma vez senador da República.
Nas últimas campanhas, seu principal desafio foi convencer a população que tinha saúde e vigor para governar. E mais uma vez, esse será um dos principais pontos explorado e questionado pelos seus adversários.
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Realizador
Em suas redes sociais, Amazonino vem dando destaque a obras e realizações de quando foi governador e afirmando que fará uma gestão focada para a população mais carente. Ele chegou a resgatar o slogan a “Força que vem do povo”, já usado anteriormente nas suas primeiras disputas eleitorais.
Recentemente substituiu para “Ele está voltando”, onde aparece em agendas em Manaus e tecendo críticas a atual gestão.
Na semana passada, sua saúde foi colocada mais uma vez em xeque quando apareceu em vídeos com dificuldade para se locomover. Na ocasião, ele rebateu afirmando que não vai governar com as pernas e sim com a cabeça.
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Eduardo Braga
O senador Eduardo Braga vai para a sua nona disputa majoritária. Foi duas vezes governador do Estado, uma vez prefeito da capital e duas vezes senador.
Sua pré-campanha é marcada por dois momentos. A primeira, onde trabalhou uma das suas principais dificuldades no que diz respeito ao temperamento forte e casos até de agressão noticiados pela imprensa, na qual o senador precisou se explicar e tratou isso como firmeza, atitude e até necessidade dependendo do momento.
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Comparação
Nessa segunda fase, Eduardo vem usando as redes sociais resgatando obras passadas de sua gestão, fazendo comparações e críticas à atual gestão.
O senador caminha para ser o candidato de Lula (PT) no Amazonas e pode buscar colocar a imagem do petista — que lidera nas pesquisas de intenção de voto no estado — para impulsionar a sua eleição.
Semana passada chegou a fazer um post nas redes sociais com uma foto antiga ao lado de Lula, na campanha para governo do Amazonas de 2014, com a frase: “Um #tbt que vale a pena viver de novo”.
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Ricardo Nicolau
O deputado estadual Ricardo Nicolau (SD), em sua pré-campanha para o Governo do Amazonas, repete o discurso de 2020 quando foi candidato a prefeito de Manaus, ficando em quarto lugar com 12,29% (118.289 votos válidos).
Um discurso criticando a atual gestão e afirmando que o Amazonas precisa de experiência e de um verdadeiro gestor.
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Carol Braz
A defensora pública e pré-candidata Carol Braz (PDT) — única mulher que se colocou na disputa — aposta em um discurso de esperança e mudança para o Amazonas. Em seu discurso, ela classifica a política não como velha ou nova, mas como a política certa e errada, afirmando que ela faz parte da política certa.
Carol Braz também foi a única pré-candidata até o presente momento que confirmou presença no primeiro debate da TV Band, que será realizado no dia 07 de agosto, às 19h.
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Tímido
Apesar do ex-deputado federal Henrique Oliveira (Podemos), ter sido o único pré-candidato até o presente momento que confirmou o nome do vice em sua chapa, a ex-deputada Vera Lúcia Castelo Branco, vem fazendo uma pré-campanha tímida e discreta.
Sem posicionamentos políticos nas redes sociais e na imprensa, ainda é um mistério o discurso e o tom que o também ex-vice-governador do Amazonas vai adotar na sua campanha.
Em 2020 ele foi candidato a vereador pelo PROS e não obteve êxito nas urnas, obtendo apenas 715 votos.
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Indefinição
Marcelo Amil é o principal nome do PSOL para o disputa, mas ainda espera a definição oficial do seu partido.
Na última reunião da sigla houve tumulto e pancadaria, nada muito diferente de diversas outras reuniões de definição de candidatos e palanque da esquerda no Amazonas.
Em suas redes sociais, ele segue fazendo campanha a favor de Lula e tecendo ataques ao presidente Bolsonaro.
Em 2020 ele foi candidato a prefeito de Manaus pelo PCdoB e ficou na penúltima posição com 0,29% (2.820 votos).
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Tempo hábil
O fato é que para a maioria da população a eleição ainda “não esquentou”, ou seja, não é a pauta do dia a dia.
Isso, obviamente, vai começar a mudar a partir de agosto, quando terminam o prazo de convenções e efetivamente se inicia a disputa.
Até lá, os marqueteiros e os próprios políticos têm tempo para analisar o cenário, ouvir os anseios do povo e traçar a estratégia para colocar em prática durante o período eleitoral.
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Pautas prioritárias
Existem três pautas que devem nortear os debates nestas eleições: Zona Franca de Manaus, emprego e fome.
Os três podem ser analisados separadamente, mas são interligados.
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ZFM
Os recentes decretos presidenciais de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no País que colocam em xeque a competitividade da ZFM ligaram o sinal de alerta na classe política e empresarial do Estado, que trouxeram à baila o tema.
E ele ganhou destaque nas rodas de conversa dos amazonenses. De um lado, os que afirmam que o modelo não será prejudicado. Do outro, os que lamentam o possível fim do polo industrial.
Independentemente da consequência dessas decisões, o eleitor vai querer alguém que defenda a Zona Franca e lute pela manutenção dela.
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Emprego
E o tema emprego, que é ligado à ZFM que direta e indiretamente garante 500 mil postos de trabalho, também será prioritário no pleito que se avizinha.
Atualmente, o Estado tem 13% de taxa de desemprego, com cerca de 256 mil pessoas desocupadas.
Propostas para fomentar a economia e consequentemente a geração de emprego e renda no pós-pandemia certamente serão decisivas na escolha do voto.
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Fome
E a fome também será destaque nesse pleito. Para se ter uma ideia da importância do tema, a insegurança alimentar atinge nada mais nada menos do que 2,7 milhões de pessoas que moram no Amazonas, segundo informações do IBGE publicadas semana passada no jornal A Crítica.
Isso representa mais da metade dos 4,2 milhões de habitantes do Estado e obviamente boa parte do eleitorado, sobretudo no interior.
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