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Opinião | Lacração de Amom vira tiro no pé

Opinião | Lacração de Amom vira tiro no pé

Tentativa de Amom de usar a causa das pessoas com deficiência como palanque político é criticada e repercute negativamente

Amom tenta lacrar em cima de jornalista e leva invertida

Termo usado por Amom em debate é classificado como capacitista: ‘Se fazendo de doido’

Amom não aprovou nenhuma lei nem destinou emendas para beneficiar ou ampliar direitos das pessoas com deficiência e seus familiares

Lacração

O episódio ocorrido durante o debate da TV Band Amazonas entre Amom Mandel e Roberto Cidade revela o comportamento da nova geração de políticos da “lacração”.

O termo é uma linguagem da internet e se refere a uma estratégia para gerar impacto, chamar a atenção da mídia e engajamento em postagens nas redes sociais.

É uma atitude negativa que vem crescendo e ganhando corpo na política.

Amom, assim como políticos da esquerda como Janones e Boulos, tenta aparecer e forçar situações midiáticas a qualquer custo, muitas vezes sem medir as consequências de seus atos.

Amom

Antes de falar sobre o assunto, é importante entender que Amom é um produto político que foi pensado, embalado e tem um objetivo a longo prazo: chegar ao comando do Executivo – Prefeitura de Manaus ou Governo do Amazonas.

E isso faz parte do jogo, afinal, esse é o sonho de praticamente todo político.

Produto

É claro que ele tem méritos nesse processo. Afinal, um produto ruim é impossível de se sustentar no mercado, e no processo político isso não é diferente.

Ainda mais nos tempos de hoje, com a velocidade da comunicação e com os processos de construção e desconstrução de imagem.

Grupo político

Amom vem de uma família abastada e com muita influência na política e no judiciário.

Foi eleito vereador em 2020 pelo Podemos, no grupo do ex-governador Amazonino Mendes, e foi eleito deputado federal em 2022 pela federação PSDB/Cidadania, com o apoio do saudoso Negão e do ex-prefeito Arthur Neto.

Entre os coordenadores de sua campanha está Beto Michiles, que já foi prefeito de Maués, deputado federal e secretário de estado, além de ter coordenado campanhas de Amazonino, Eduardo Braga e outros caciques políticos.

Político

Tudo que Amom faz é pensado e calculado.

Ele tem pessoas com experiência e competência em sua equipe, e claro, ele próprio vem se mostrando um político nato e ambicioso, como todos.

Além de ser um produto caricato, ele domina como nenhum político deste estado a linguagem das redes sociais e da tal lacração, que vamos abordar mais adiante.

Polêmica

Amom vem caindo em todas as pesquisas de intenção de voto, primeiro porque existem outros candidatos no jogo com máquinas e apoios políticos de peso, segundo porque suas táticas e métodos já não são novidade e não têm mais impactado o eleitor como ele gostaria.

Então, é preciso criar factoides e entregar para a mídia e o eleitor o que eles gostam e o que chama atenção: “Polêmica”.

Diferença

A diferença entre polêmica e lacração reside na intenção e no impacto. Enquanto a polêmica busca provocar reflexão e debate, muitas vezes abordando temas sensíveis ou controversos, a lacração visa apenas ganhar atenção imediata e superficial, sem se preocupar com as consequências ou a profundidade da discussão.

Na política, é essencial distinguir entre os dois, pois o que cativa no momento pode não sustentar uma trajetória a longo prazo.

Tiro no pé

E como toda história, existem dois lados. E muitas vezes perdemos o controle da narrativa e acabamos dando um tiro no pé.

Entenda o caso

No debate da Band Amazonas, que por sinal foi muito morno, um dos destaques que chamou a atenção foi que Amom estava usando um fone de ouvido, e não se enganem, foi pensado e proposital, realmente chamando a atenção de quem estava assistindo e dos candidatos participantes do debate.

Será que era um ponto eletrônico com alguém passando informações em tempo real?

Era uma indagação válida.

Treta

Premeditadamente, Amom colocou o assunto na roda e disse que usava o fone de ouvido por conta de seu diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e a consequente sensibilidade auditiva, justificando a necessidade do acessório.

Roberto Cidade mordeu a isca e, ao falar sobre o assunto, lembrando do seu compromisso e da sua vivência com pessoas com Espectro Autista, citando seu filho que é diagnosticado com TEA, usou um termo que deu margem para Amom tentar lacrar.

E foi o que aconteceu.

“Infelizmente”

Ou será que um pai e uma mãe iriam preferir que seu filho nascesse com algum tipo de condição como autismo, deficiência física, doença, câncer, etc?

Talvez o que faltou para Cidade tenha sido um cuidado nas palavras para não serem usadas agora pelos adversários políticos como um ataque que envolveu até a sua família.

Até na política existe um, digamos, limite ou código de honra para não envolver a família nessa guerra que é suja e baixa.

Passou do ponto

E Amom cruzou esse caminho.

O que ainda não sabemos é se foi proposital ou se no calor da oportunidade ele perdeu a mão.

A interpretação é pessoal de cada um que acompanhou o caso e que acompanha Amom.

Complexidade

É ainda mais difícil entender a realidade de quem vive todos os dias com essa condição e de seus familiares.

Até porque existem diversos graus de autismo. No caso do Amom, felizmente, ele consegue ter uma vida o mais próxima possível do normal, mas existem pessoas que nem mesmo se comunicam verbalmente, não mantêm contato visual e possuem os mais variados tipos de restrição física e mental.

Sim, é muito difícil. Mas não significa que a família não os ame!

Desculpas

Em suas redes sociais, Cidade pediu desculpas pelo termo inadequado que usou no debate e pediu para Amom parar de usar a causa como palanque político.

“No debate de ontem, usei um termo inadequado e peço desculpas. Todos que estavam lá, com exceção de uma pessoa, compreenderam a minha colocação infeliz. Não tive a intenção de desrespeitar ninguém, até porque conheço de perto os desafios que os pais de uma criança com TEA enfrentam. Errado é usar um assunto tão sério para ataques eleitoreiros. Eu tenho ações e projetos para melhorar a vida dessas pessoas e suas famílias. É isso que deve ser discutido”, disse Cidade.

Ações de Cidade

Ainda sobre Cidade, como político ele fez questão de divulgar todas as suas ações já realizadas e projetos aprovados que viraram lei para beneficiar e ajudar pessoas com deficiência e suas famílias.

Foram dezenas de ações, entre elas oito leis sancionadas que ampliam e melhoram a Política Estadual de Atenção à Pessoa com Deficiência, o Fundo Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência, o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Amazonas e instituem a Conferência Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

Além de destinar R$ 1.400.802,50 em emendas parlamentares para atendimento a pessoas com TEA no Amazonas.

Já Amom

Já Amom, esperou quatro anos para, nas vésperas da eleição, começar a explorar o fato de possuir TEA (autismo) e constantemente usa desse artifício para fazer palanque político. E não de fato ajudar a causa.

Palavras ao vento

Fato é que, em levantamento feito pelo Direto ao Ponto, durante os dois anos em que exerceu o mandato de vereador, antes de abandoná-lo para ser eleito deputado federal, Amom não aprovou nenhum projeto de lei e não destinou nenhuma emenda parlamentar, nem como vereador, nem como deputado, para nenhuma das mais de 150 instituições existentes em Manaus ou para outras 200 que existem no interior e ajudam pessoas com diversos tipos de deficiência e seus familiares.

Palanque

Amom deveria ser o primeiro a reprovar qualquer tipo de utilização de palanque político em cima da causa das pessoas com deficiência, especialmente por conta de seu diagnóstico e do filho de Roberto Cidade.

A tentativa de Amom Mandel de usar uma causa tão relevante para a sociedade como palanque político, visando desqualificar um adversário, está começando a se voltar contra ele.

Foi um tiro no pé.

Ataque a jornalista

Ainda sobre o caso, Amom mais uma vez acusou levianamente uma jornalista de capacitismo – preconceito contra as pessoas com deficiência – porque ela questionou a utilização de um fone de ouvido por Amom durante o debate, já que não se vê ele utilizando o utensílio no seu dia a dia, especialmente durante sua atividade política.

Ficha corrida

Mais uma vez ele foi grosseiro e deselegante com a imprensa e continua demonstrando sua inabilidade, para não dizer incapacidade, de responder uma simples pergunta que era uma dúvida mais que razoável de todos que assistiram ao debate, de forma madura e republicana.

Capacitismo

Inclusive, Amom começa a provar do próprio veneno.

Ainda no debate, ele fez uso de um termo considerado capacitista, “se fazendo de doido”, para atacar um adversário no primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Manaus.

“Doido” é uma expressão que perpetua preconceitos e estereótipos sobre a saúde mental e contribui para a exclusão, apontam especialistas.

Mas sobre isso, ele se calou e não comentou o caso.

Solidariedade

Ainda sobre o assunto, quero expressar minha solidariedade à jornalista Paula Litaiff, da Revista Cenarium, que foi alvo de um ataque deselegante, grosseiro e injusto por parte de Amom Mandel.

É fundamental respeitar o trabalho da imprensa e tratar os profissionais com o respeito que merecem, pois são eles que asseguram a transparência do processo eleitoral, informando e questionando em prol de uma sociedade mais consciente e bem informada.

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