Opinião | Amazonas Energia faz “gato” nos medidores dos consumidores e conta de luz dobra
Constatação foi feita pelo Ipem após fiscalização nos medidores
Fato gera revolta e memes nas redes sociais
Junior Rodrigues faz marchinha de carnaval sobre situação e viraliza
Políticos se manifestam e sobem tom nas críticas à concessionária
Fausto Jr diz que organiza documentos para pedir prisão do presidente da Amazonas Energia
CPI da Aleam está “no pé” da empresa
Privatização da concessionária é envolvida em polêmicas que ligam ao senador Eduardo Braga
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Rir para não chorar
Seria cômico se não fosse trágico! A descoberta do “gato” da Amazonas Energia, que dobra a conta de luz da população amazonense, gerou de revolta a memes nas redes sociais, passando por marchinha de carnaval.
Ná última sexta-feira (11), o diretor-presidente do Instituto de Pesos e Medida do Amazonas (Ipem-AM), Márcio Brito, confirmou que o órgão fiscalizou mais de 25 mil medidores no Estado e descobriu que muitos aparelhos estavam fazendo medições incorretas e prejudicando o consumidor, em muitos casos dobrando a conta de luz da população.
A prática de gato está prevista no artigo 155 do CPP (Código Processual Penal) como furto qualificado. A pena para quem faz a instalação clandestina é de um a quatro anos de prisão e multa.
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E agora
A pergunta que não quer calar é: quando a empresa que multa é quem promove o furto, como que fica?
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Deu samba
A pergunta também encabulou o sambista Junior Rodrigues, que transformou a indagação em marchinha de carnaval.
A canção intitulada “Gato trocado não dói” já é, inclusive, cotada como tema da Banda da Bica, tradicional bloco de carnaval de Manaus, conhecido por seus sambas sarcásticos.
“Pegaram o meu gato e fui multado, mas eu não posso multar ninguém. E pra piorar a pandemia eu tô bancando o gato da Amazonas Energia”, diz parte da música.
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Realidade nada engraçada
Brincadeiras à parte, a verdade é que a realidade vivenciada pelos consumidores não é nada engraçada. Além dos constantes apagões na capital e no interior, a conta de energia tem subido constantemente nos últimos meses.
Tanto que a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), decidiu instalar no final do ano passado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a empresa.
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No pé do bilhão
A CPI, presidida pelo deputado Sinésio Campos (PT), tem cumprido seu papel e sido uma pedra no sapato da concessionária. A informação do Ipem, inclusive, foi dada durante uma sessão itinerante da CPI no bairro do Alvorada.
Uma das respostas que o colegiado busca é saber onde estão os investimentos de R$ 1 bilhão que a empresa diz ter feito no sistema, após a privatização em 2019.
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Prisão
Membro da CPI, o deputado estadual Fausto Jr (MDB) prometeu ir além das críticas. Além de ter entrado com pedido de ressarcimento dos consumidores lesados, o parlamentar organiza documentos para fundamentar, se preciso e possível, um pedido de prisão do presidente da Amazonas Energia e dos responsáveis pelos ilícitos.
“Estávamos certos. Foi comprovado pelo Ipem que medidores da Amazonas Energia contabilizaram o dobro do consumo na fatura de luz”, escreveu nas redes sociais.
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‘Pilantragem’
O deputado federal Delegado Pablo (União Brasil) chamou a prática realizada pela Amazonas Energia de “pilantragem” e informou aos seus seguidores nas redes sociais que a empresa pode ser multada em até R$ 5 milhões se não fizer o ressarcimentos dos consumidores afetados pelo “gato”.
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Trajetória obscura
Esse é apenas mais um capítulo de uma trajetória marcada pela obscuridade, afinal, todo o processo de aquisição da Amazonas Energia pelo consórcio Oliveira/Atem é marcado por polêmicas, sendo a primeira delas o valor da compra, que foi de apenas R$ 50 mil.
Além disso, o senador Eduardo Braga (MDB), que foi relator da Comissão Mista da Medida Provisória 879/2019, que garantiu a venda da Eletrobrás, foi acusado de passar informações privilegiadas do processo de privatização ao empresário Lírio Parisotto – que foi seu suplente no Senado – um dos acionistas da estatal.
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Líder de reclamações
Para completar o caos, a Amazonas Energia é líder de reclamações no Procon-AM, na Defensoria Pública e no Ministério Público.
Segundo o Procon-AM, até outubro passado, a concessionária registrou 1.487 reclamações que viraram processos.
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