Opinião | Durango Duarte cria metodologia, força a barra e vira chacota entre políticos
Após ameaçar o poder judiciário do Amazonas e dizer que iria “enrrabar” juízes e desembargadores, Durango lança pesquisa suspeita
Estudo foi pago por empresária cuja família é investigada pela Polícia Federal por fraudes em licitação e desvios de R$ 500 milhões
“Confia”: Pesquisa da Perspectiva coloca David Almeida com a menor rejeição entre os candidatos
Pesquisa de Durango vai na contramão de 47 pesquisas eleitorais de 17 institutos diferentes
Empresário tem R$ 35 milhões de motivos e contratos com a prefeitura de Manaus para lançar pesquisa suspeita
Perspectiva já cometeu erros grotescos: em 2014 e 2022, apontou vitória de Eduardo Braga para o governo do Amazonas
Aparecido
Nesta semana, o empresário Durango Duarte voltou a divulgar pesquisas eleitorais, contrariando sua afirmação anterior de que não publicaria estudos sobre a disputa pela prefeitura de Manaus este ano.
Em um vídeo gravado por ele mesmo, Durango declarou que suas pesquisas são necessárias para restaurar a verdade e estabelecer uma referência “segura, honesta e técnica” para o debate eleitoral.
Mas, como diz o ditado: “Quem não te conhece, que te compre!”
Malabarismo
Desta vez, para justificar seus números, Durango foi além e criou uma metodologia de pesquisa que apresenta disparidades na margem de erro entre os candidatos.
Por exemplo, para David Almeida, a margem de erro é de 4,2%, enquanto para Gilberto Vasconcelos, é de apenas 0,7%.
Segundo Durango, ele pretende elevar os estudos eleitorais a um patamar superior.
“Confia”, como ele mesmo diz.
Pesquisa
Vale ressaltar que sua pesquisa foi paga pela PR Construções, sob a gestão de Pamela Mendonça Freire, filha dos empresários José Farias Freire e Odinete de Souza Mendonça Freire, sócios da TETOPLAN CONSTRUÇÕES LTDA., implicada na Operação Albatroz em 2004, que investigou fraudes em licitações no Governo do Amazonas, com valores estimados em R$ 500 milhões.
A pesquisa custou R$ 90 mil e foi registrada no TSE sob o código AM-02331/2024.
Rejeição
Um dos pontos mais curiosos na pesquisa de Durango foi a taxa de rejeição entre os candidatos.
Contrariando 47 pesquisas eleitorais divulgadas entre 2023 e 2024 por 17 institutos diferentes locais e nacionais – Action, AtlasIntel, Direto ao Ponto, EAS, Eficaz, IPEC, IPEN, Innquest, Iveritas, Listering, Paraná, Perspectiva, Pontual, Projeta e Real Time Big Data, Quaest, Vérita, 100% Cidades –, ele afirmou que David Almeida possui a menor rejeição entre os candidatos à prefeitura de Manaus, com apenas 5%.
Ou seja, a cada 100 eleitores, apenas 5 disseram que não votariam em David de jeito nenhum.
Chacota
No meio político, a pesquisa virou motivo de piada nas rodas de conversa entre políticos, empresários, jornalistas e analistas.
Inclusive entre os próprios aliados de David Almeida, que apontaram que, mesmo com Durango tendo R$ 35 milhões em motivos e contratos com a prefeitura de Manaus para lançar a pesquisa, ele “forçou a barra”, como se diz no jargão popular.
Velho Conhecido
Durango Duarte é conhecido no meio político por sua arrogância, truculência e prepotência.
Megalomaníaco e acostumado a vender facilidades e não entregar resultados, ele tenta a todo custo descredibilizar os institutos de pesquisa do Amazonas e induzir o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) ao erro, utilizando mentiras e muitas ameaças ao poder judiciário.
Crime
No mês passado, áudios que circularam na internet mostram Durango ameaçando o Judiciário para cancelar uma reunião proposta pelo presidente do TRE-AM, desembargador João Simões, a pedido de nove institutos de pesquisa eleitoral do Amazonas que denunciaram sua manobra política.
Ameaças
Durango foi explícito em suas ameaças, chegando a afirmar que iria “enrrabar” juízes e desembargadores caso a solicitação de uma audiência pública fosse atendida.
“Eu vou destruir essa reunião. Eu vou denunciar o desembargador João Simões por abuso de autoridade e conluio com estudos fraudulentos.”
Fraudes
De fraude, Durango conhece bem.
Já respondeu a diversos processos por fraude eleitoral em suas pesquisas e ficou conhecido no Amazonas por erros em seus levantamentos, como em 2014, quando divulgou que Eduardo Braga ganharia o governo do Amazonas no primeiro turno contra José Melo.
Em 2022, ele afirmou que Braga estava empatado com Wilson Lima na disputa pelo governo, mas a realidade foi bem diferente.
Nas Sombras
Este ano, Durango decidiu retirar seu instituto de pesquisas do processo eleitoral e se dedicar a consultorias para partidos políticos e pesquisas internas, como no caso do PL, do pré-candidato Capitão Alberto Neto, que é orientado e manipulado por Durango.
Histórico de Ameaças
Durango não só ameaçou membros do Judiciário, mas também do Executivo e Legislativo.
Em razão dessas ações, teve seu Título de Cidadão do Amazonas, recebido em 2017, revogado pela Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) em 2021.
Durango entrou para a história do estado como a primeira pessoa a ter essa honraria cassada desde a redemocratização do país.
Investigações
Recentemente, ele foi alvo de investigação no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) por um contrato que sua empresa fechou com a prefeitura de Manaus, no valor de R$ 19 milhões, para pagar influenciadores digitais com valores de R$ 10 mil a R$ 99 mil por mês para publicidade do governo municipal.
Verdadeiro Interesse
A tentativa desesperada de Durango de manipular e intimidar o cenário político de 2024 tem um objetivo claro: ser o único instituto de pesquisa eleitoral atuante no Amazonas durante a disputa pelo governo do estado em 2026, quando seu principal padrinho político, o senador Omar Aziz, será candidato.
Inclusive, ele anda afirmando por todos os cantos de Manaus que irá retomar o comando da comunicação do estado em 2027.
A probabilidade disso acontecer é tão “real e verdadeira” quanto os números divulgados em sua pesquisa eleitoral.
Claramente, esse devaneio, parece estar baseado em sua própria margem de erro.
Âncora
Hoje, Durango mais atrapalha do que ajuda seus padrinhos políticos.
Fim do Monopólio
O monopólio da informação já não está mais nas mãos de Durango ou de poucos grupos de comunicação do Amazonas.
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