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Município do AM enfrenta racionamento de energia e suspende aulas por conta de seca do Rio Negro

Município do AM enfrenta racionamento de energia e suspende aulas por conta de seca do Rio Negro

O município de São Gabriel da Cachoeira, no extremo Oeste do Amazonas, suspendeu a realização de aulas, eventos e até mesmo o atendimento ao público de órgãos municipais por conta do sistema de racionamento de energia na cidade, ocasionado pela seca do Rio Negro. A cidade é a primeira do estado a enfrentar problemas no serviço de energia por conta da estiagem severa.

Com 51 mil habitantes, São Gabriel da Cachoeira é considerada a segunda com a maior população indígena no país e está em situação de emergência por conta da estiagem. Na quinta-feira (18), a Justiça do Amazonas determinou que as duas empresas de energia elétrica que atuam no município regularizassem o serviço, sob pena de multa diária de R$ 500 mil.

A suspensão das atividades, segundo a prefeitura, é necessária para aliviar a sobrecarga do sistema e não causar uma interrupção geral do fornecimento de energia.

Segundo o prefeito Clóvis Saldanha, a medida tem duração de dez dias, mas pode ser prorrogada, caso o fornecimento de energia não seja regularizado. Apenas os serviços essenciais, como o de saúde, deverão permanecer funcionando.

O prefeito também mandou que todos os órgãos públicos desliguem aparelhos de ar-condicionado para que os mesmos não sejam danificados pela instabilidade do sistema elétrico.

Racionamento é feito por zonas da cidade

Segundo o comerciante Rômulo Almeida, que tem um mercadinho no município, o racionamento de energia está sendo feito por zonas da cidade e impacta diretamente no funcionamento do comércio local.

“No meu mercadinho, a energia está indo embora por volta das 12h e só volta 18h. Depois, ela vai embora meia noite e volta às 6h. É assim na cidade inteira. Mas isso está acontecendo por zonas. Por exemplo, no Centro, onde a minha filha tem uma loja, a energia funciona pela tarde e vai embora pela noite”, Rômulo Almeida, comerciante.

Ainda segundo o empresário, a cidade já enfrenta desabastecimento de itens básicos, como frango e legumes. O Rio Negro está em níveis extremamente baixos e isso impacta diretamente no recebimento dos materiais que são comercializados na cidade.

“O rio está muito baixo, as balsas não estão encostando no porto, que já fica um pouco distante cidade, cerca de 20 km. Agora, as balsas chega, no mais próximo, entre 15 e 20 km do porto. O transporte é feito em canoas e isso impacta no comércio local. Está começando falta frango, legumes, trigo. Está muito difícil. É uma situação complicada”, narrou.

Problema foi parar na justiça

Por conta do problema, a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM) entrou com uma ação na justiça e conseguiu a condenação das empresas responsáveis pela geração e fornecimento de energia na cidade. As duas estão obrigadas a manter a regularidade do serviço, sob multa diária de R$ 500 mil, por descumprimento, conforme decidiu o juiz Manoel Atila Nunes.

“O racionamento de energia gera prejuízos à população, devido à dificuldade de armazenamento de alimentos e insumos da saúde, além de reduzir a oferta de serviços essenciais. Se a medida for prolongada, há a possibilidade de apagão elétrico”, Isabela Sales, defensora pública.

A geração de energia elétrica, em São Gabriel da Cachoeira, é realizada por usinas termelétricas, sistema que depende do envio de insumos que são transportados por via fluvial. Na época de vazante, esse deslocamento ocorre em 18 dias.

Segundo a Defensoria, houve a demora de posicionamento da “balsa pulmão”, utilizada neste período por sua maior capacidade de armazenamento e a possibilidade de retroalimentar embarcações menores. Em consequência, a estrutura não conseguiu chegar ao local adequado a tempo.

Ainda conforme a DPE, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Amazonas Energia notificaram uma das empresas para que realizasse a estocagem de diesel, devido à estiagem severa, porém o pedido não foi atendido, assim como não foi estabelecido um plano de contingência pelas empresas.

Somente na sexta-feira (13) foi constatado que não havia estoque suficiente para a usina fornecer energia regularmente, quando o fornecimento foi interrompido sem aviso prévio.

Em nota, a Amazonas Energia disse que apenas realiza o serviço de distribuição no município. A responsabilidade pela geração de energia é do produtor independente, que neste momento por causa da estiagem severa no rio Negro, encontra dificuldades para levar o combustível até o município.

A empresa disse ainda que o alívio de carga de energia na cidade está sendo acompanhado diariamente pela ANEEL e pelo Ministério de Minas e Energia, e foi o único recurso disponível neste momento para garantir o fornecimento no município.

Por fim, a distribuidora afirmou que tão logo chegue o combustível na localidade, o serviço de distribuição será normalizado.

Fonte: G1 Amazonas

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