Opinião | Que país é este: o “mito” está nu
Foi simbólica a presença de Sérgio Moro no primeiro lugar da fila de ministros a tomar posse no governo Jair Bolsonaro, em 1º de janeiro de 2019.
À frente da principal instituição de combate ao crime no país, o ex-juiz da Lava-Jato fornecia um lustro ético à equipe, servindo como selo de qualidade a unir os movimentos contra à corrupção com a promessa de nova política defendida por Bolsonaro.
Exatos 480 dias depois, Moro deixou o governo fazendo graves acusações contra o presidente e provocando um racha na base de apoio popular do governo.
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Baque
A saída de Moro é um baque para muitos brasileiros esperançosos por um país melhor e que viram, na escolha do até então juiz da Lava Jato, a esperança de que a nação deixasse definitivamente para trás anos de roubalheiras cometidas pelos governos antecedentes, em nome de um projeto de poder absolutamente sombrio.
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Festa da bandidagem
Foi um final de semana de festa para bandidagem. Festejaram as milícias reais e virtuais. Festejam os corruptos à esquerda, à direita e ao centro. Festejam os que promoveram todo o circo midiático contra Moro e contra a Lava Jato. Já o Brasil e os bons brasileiros só têm a lamentar.
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Canetada
Bolsonaro mostrou, mais uma vez, que tem a caneta, como bravateara semanas antes, diante de apoiadores no Palácio da Alvorada. Mas, ao tratar Moro da maneira como tratou, demonstrou que não tem palavra e que pode não estar à altura do cargo que tantos brasileiros, de boa fé e crentes em seu discurso, lhe concederam nas urnas.
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Mito está nu
O “mito” está nu como nunca antes havia estado. Sergio Moro, por outro lado, fez valer, mais uma vez, o lema que implantou no Ministério da Justiça: “faça a coisa certa, sempre”. E Moro fez.
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Vale a pena lembrar
À frente do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro sofreu duras derrotas. E sem o apoio do presidente Bolsonaro, ficou de mãos atadas frente ao Congresso e ao Supremo.
O STF anulou a condenação de Bendine, que está sendo usada para anular outras condenações da Lava Jato; a Lei de Abuso de Autoridade e a Lei Anticrime foram aprovadas no Congresso; o Coaf foi retirado de Moro, órgão que atua na prevenção e combate à lavagem de dinheiro.
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Impactos negativos
Pesquisa divulgada neste sábado (25) pela XP/Ipespe mostra que 67% dos entrevistados esperam impactos negativos no governo Bolsonaro após o pedido de demissão de ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.
16% acreditam que não haverá impacto e apenas 10% vêem impacto positivo. 7% não souberam responder.
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Bancada da bala
À pedido de integrantes da Frente Parlamentar da Segurança Pública, o deputado Capitão Augusto (PL-SP), líder do grupo, já articula a retirada de apoio da chamada bancada da bala ao governo.
É um prejuízo muito grande você perder uma base como essa, tamanho o descontentamento e decepção com a saída do Moro — diz o deputado, que aguarda posicionamento de todos os integrantes para certificar-se de que há maioria pela saída.
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Desafio
Apesar de o impacto negativo que a demissão de Sergio Moro representa para o governo, não se pode subestimar Bolsonaro.
Sua sobrevivência política vai depender de como seu eleitorado vai reagir. Até porque, de fato ele é um fenômeno político, mas não há dúvida de que o presidente terá um grande desafio pela frente.
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Novo rival político
Embora seja difícil prever o futuro, pode ser que Bolsonaro esteja fortalecendo um grande rival político.
Agora, Moro está fora do governo. E pode ser, que no futuro, Bolsonaro sinta arrependimento sobre essa decisão, porque pode ter criado um novo rival.
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