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Recebido pelo presidente Lula no Pará, Emmanuel Macron homenageia cacique Raoni e anuncia Apelo de Belém

Recebido pelo presidente Lula no Pará, Emmanuel Macron homenageia cacique Raoni e anuncia Apelo de Belém

O cacique Raoni Metuktire recebeu, nesta terça-feira (29), na Ilha do Combu, a Condecoração da Ordem Nacional da Legião de Honra das mãos do presidente da França, Emmanuel Macron. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversas autoridades acompanharam a homenagem, que se revestiu de grande significado para os povos indígenas brasileiros.

“Nunca você parou. Nunca você vai parar. Você foi um líder desse combate e levou muito mais longe, de maneira mais firme, do que muitos outros. Você é um cacique cuja idade já não conta. A sua energia é cada vez mais forte. Cada vez que o vejo ele está mais forte. Lula, ele é uma esperança para nós”, disse Emmanuel Macron, Presidente da França.

O evento foi prestigiado por diversas autoridades, entre elas o governador do Pará, Helder Barbalho; as ministras dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva; a presidente da Funai, Joenia Wapichana; e por diversas lideranças indígenas e representantes da Guiana Francesa, além da primeira-dama, Janja.

Instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte, a honraria é a maior condecoração oferecida pelo Governo da França e é concedida aos cidadãos franceses e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global. “Senhor Raoni Metuktire, em nome da República Francesa, considere-se Cavaleiro da Legião de Honra”, afirmou o presidente Macron, ao entregar a comenda ao líder indígena, de 92 anos.

Durante seu discurso, Macron lembrou a trajetória de luta do cacique Raoni pela proteção das florestas e direitos dos povos indígenas e sentenciou: “Nunca você parou. Nunca você vai parar. Você foi um líder desse combate e levou muito mais longe, de maneira mais firme, do que muitos outros. Você é um cacique cuja idade já não conta. A sua energia é cada vez mais forte. Cada vez que o vejo ele está mais forte. Lula, ele é uma esperança para nós”, afirmou o presidente francês.

Emocionado, Raoni revelou que ter recebido a honraria lhe trouxe um instante de alegria em meio ao luto pela perda recente de uma neta. “Eu estou muito feliz aqui por estar vivenciando esse momento com vocês. Estou realmente contente porque, dias antes, eu estava muito triste porque eu perdi a minha neta. Mas agora estou ficando contente novamente com vocês aqui. Presidente Emmanuel Macron, quero dizer que estou muito feliz por você reconhecer esse meu trabalho com esse título de honra”.

Falando em seu idioma, Raoni afirmou que seguirá em sua luta. “Eu nunca concordei com desmatamento, com extração de madeira, com extração de minério, ouro, essas explorações, essa destruição. Eu fico preocupado que o homem branco continue fazendo esse tipo de atividade. A gente está sentindo a mudança do clima, estamos sentindo o calor, e eu fico preocupado porque se esse trabalho de destruir continuar podemos ter problemas sérios para todos nós no mundo”, alertou.

“Nós temos que continuar, porque a gente está fazendo esse trabalho pelos nossos descendentes. As pessoas do futuro precisam de nós. Nossos netos, nossos filhos, nossos bisnetos precisam que a gente faça alguma coisa agora, para o bem deles futuramente”, prosseguiu o líder indígena.

“Nós temos que continuar, porque a gente está fazendo esse trabalho pelos nossos descendentes. As pessoas do futuro precisam de nós. Nossos netos, nossos filhos, nossos bisnetos precisam que a gente faça alguma coisa agora, para o bem deles futuramente
RAONI METUKTIRE
Líder indígena

DESMATAMENTO ZERO – Em sua fala, o presidente Lula lembrou os compromissos assumidos durante seus três mandatos como presidente da República e reforçou a meta do Brasil de alcançar o desmatamento zero até 2030.

“Tenho certeza absoluta de que o nosso governo já é o governo que mais remarcou terra indígena e é o governo que vai continuar remarcando terra indígena e vai continuar remarcando parques de reservas florestais para que a gente evite o desmate. Nós temos um compromisso de até 2030 chegarmos a zero por cento de desmatamento na Amazônia. Não foi ninguém que pediu para nós, não foi nenhuma convenção que pediu para nós, fomos nós no governo que decidimos que a gente vai levar a luta contra o desmatamento como uma profissão de fé. A gente vai provar ao mundo que nós vamos preservar a nossa Amazônia”, afirmou Lula.

APELO DE BELÉM – Os dois presidentes anunciaram também que os governos brasileiro e francês firmaram o chamado “Apelo de Belém” (Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além), acordo que visa a apoiar a agenda climática, a preservação da Amazônia e os povos indígenas, em várias frentes.

“Com o presidente Lula, decidimos lançar o Apelo de Belém, onde, juntos, vamos avançar nesse combate e tomar decisões muito concretas. Vamos investir, cada um, um bilhão de dólares, cada país, para a biodiversidade e atividades econômicas compatíveis com o interesse dos povos indígenas, que lhes permitam ter perspectivas de desenvolvimento e conservar a nossa floresta”, detalhou Macron.

“Vamos também relançar atividades de cooperação e a luta contra o garimpo ilegal e a luta contra todos os interesses financeiros de curto prazo que venham aqui ameaçar a floresta. O que nós queremos fazer é preservar, conhecer melhor, multiplicar a cooperação científica, assumir estratégias de apoio aos povos indígenas e, juntos, realizar ações de investimentos da bioeconomia para que isso cresça”, prosseguiu o presidente da França.

PLANO DE AÇÃO – Durante a passagem por Belém, os presidentes Lula e Macron adotaram duas importantes declarações na área ambiental: o Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além; e o Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais.

No primeiro, os dois líderes comprometeram-se a trabalhar, em âmbito bilateral e multilateral, para fazer da ação contra a mudança do clima uma prioridade estratégica. Lula e Macron sublinharam a importância de um multilateralismo eficaz, renovado e inclusivo, sob a égide das Nações Unidas, notadamente para fazer frente às múltiplas crises sociais e ambientais em curso.

Já no Plano de Ação sobre a Bioeconomia e a Proteção das Florestas Tropicais os dois países trabalharão para promover a proteção florestal tendo em vista a realização da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas – COP30, que será realizada em Belém, em 2025.

AGENDA – Antes de homenagear o cacique Raoni, o presidente Macron, acompanhado do presidente anfitrião brasileiro, visitou uma produção artesanal e sustentável de cacau da região.

A passagem por Belém abriu a visita de Emmanuel Macron ao Brasil. Nesta quarta-feira, 27 de março, pela manhã, o presidente da França cumpre compromissos em Itaguaí (RJ), onde participa do lançamento ao mar do terceiro submarino do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), parte importante da cooperação entre Brasil e França na área de defesa, tema da Parceria Estratégica entre os dois países, firmada em 2008, durante o segundo mandato do presidente Lula.

Ainda nesta quarta-feira, à tarde, Macron visita São Paulo, onde participa da abertura do Instituto Pasteur e do Fórum Econômico Brasil-França, que não acontece desde 2019. Nesta agenda ele estará acompanhado do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Na quinta-feira (28), Macron visita Brasília, onde voltará a ser recepcionado pelo presidente Lula em uma reunião bilateral. Espera-se que mais de uma dezena de atos possam ser firmados durante a passagem do presidente francês pelo Brasil.

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